terça-feira, 13 de março de 2012

Continue a escalar

Oi, gente!
Nós fomos escalar nesse domingo, como parte do treinamento pra Malásia.
Escalamos muitas horas (acho que vou das 11h às 16h, ou algo assim). Não sinto mais meus dedos.
Nós escalamos no maior parque de escalada de Cingapura, que é parte do clube do exército. Eu geralmente começo as escaladas com rotas mais fácies, 5C. Nesse lugar não tem nenhuma rota 5, a mais fácil é a 6A, uma que eu sofro pra fazer na outra academia. Como aqui não tinha escolha, comecei com essa mesmo, mas uma um pouco mais difícil, a 6A+ (já que a mais fácil estava ocupada). Pra que, né? Quase morri na primeira rota. A parede é muito inclinada, com diversos obstáculos e ela não tem fim. É o dobro das normais. Isso que começamos com as paredes mais baixas ("começar" é modo de dizer, já que sempre ficamos só na menor).
Além das paredes mais "baixas", essa academia também tem uma maior, 4 vezes o tamanho normal. Quando eu vi ela pela primeira vez (ainda na estação de metro, de tão alta que ela é) eu disse "Quero ir *.*" Mas aí a Wei Theng me disse que ninguém vai naquela parede, já que é muito difícil. Eles deixam pros profissionais. Bem, depois do meu aquecimento, resolvi que ia tentar fazer aquela parede. Fugi de fininho com um colega de escalada que concordou em me ajudar e fomos! Chegando perto, vi que a parede era realmente MUITO alta. Deu um medinho no começo, mas já que eu estava alí, né... vamos ver no que dá. Fui subindo, sem olhar pra baixo, cuidando onde eu pisava e onde eu colocava as mãos. Descobri da pior maneira possível que, como a parede é muito alta, o pessoal não faz muita manutenção nela. Como eu descobri? Pisando num suporte que simplesmente girou e desmoronou. Fiquei alí, pendurada pelas mãos, rezando pros meus músculos não me abandonarem naquele momento. Eles se comportaram direitinho e logo consegui me reposicionar, algo que nunca teria conseguido 2 meses atrás. Estou ficando forte! Nesse momento eu parei pra respirar e pensar na minha recente experiência quase morte. Aproveitei pra admirar a vista e ver que estava quase no meio da parede. Olhei pra baixo. CARAMBA!!! MUITO ALTO! Me agarrei instintivamente mais perto da parede, praticamente encostando a barriga na mesma. Meu amigo lá em baixo gritava palavras pra me encorajar, e eu tive que reunir toda minha loucura interior pra tirar o pé de um dos apoios e seguir em frente. Meus braços doíam, meus pés não aguentavam mais aquele sapato (2 número menor que meu tamanho normal, mas é assim que se faz na escalada), o suor ia escorrendo da minha testa, do meu pescoço, das minhas costas. As mãos suadas já não me davam mais confiança, o cabelo começava a grudar na cara e de repente aqui pareceu realmente insanidade. No último terço da jornada, quando eu já tinha gasto toda minha energia e estava há mais de 20 minutos sem conseguir respirar direito por falta de fôlego (acho que era o ar rarefeito u_u) eu pensei seriamente em desistir. Achei um apoio confortável pra descansar um pouco e me preparei psicologicamente pra deixar a parede gigante me vencer.  A última parte era a mais inclinada, com partes onde você precisa usar somente as mãos pra avançar. Eu não ia conseguir. Olhei pra baixo pra avisar meu colega de que iria descer quando vi todo o grupo de escalada já embaixo, num bolinho, todos juntos assistindo minha façanha. Quando viram minha menção de descer, começaram a gritar palavras de encorajamento e se negando a me deixar descer antes de eu terminar se já tinha ido tão longe. Tirei energia não sei de onde, olhei pra cima, em direção ao topo da montanha e engrenei de novo. Precisei parar diversas vezes nessa parte final, estava realmente exausta e só estava piorando. O sol das 13h queimando meu lombo. Finalmente faltavam somente alguns metros e eu CONSEGUI! Virei pra a vista de boa parte de Cingapura e ouvi os gritos e aplausos das pessoas lá em baixo, que mais pareciam formiguinhas. Desci e tive meu momento de glória!
Depois, boa parte das pessoas ficaram inspiradas pelo meu feito e decidiram fazer aquela rota também. Se uma amadora que escala há 2 meses consegue, eles que escalam há 7 anos vão tirar de letra. Foi muito legal! Eles foram muito bem (e mais rápidos)!
Depois tomamos um banho gelado merecido e fomos almoçar (às 17h). O que foi ótimo já que nossa glicemia estava quase negativa.
No dia seguinte não conseguia caminhar, muito menos pipetar. Não consegui abrir uma garrafa de água! Sério, que absurdo.
Pelo menos eu estou:
1) mais forte
2) menos não-preparada pros desafios da Malásia (que deus me ajude)
3) bronzeada (com aquela marca de camisa de caminhoneiro).

Olha eu ali!


Bem, encerrando o assunto, tem algumas pessoas me pedindo pra contar sobre o meu trabalho. Aparentemente existe um boato de que não estou trabalhando, só estou de férias. Parcialmente verdade.
Prometo colocar uma foto do que eu faço no trabalho até o final da semana na capa do blog. Se vocês vomitarem não é culpa minha.

O que basicamente faço é genotipagem (PCR), western blot que não funcionam, marcar células com coisas coloridas e tirar fotos depois e, o melhor de tudo, operar o coração de embriões de camundongo com 13,5 dias de gestação (essa foto que vou botar! hahaha). Sim, é pequeno. E o Kasim ainda quer que eu disseque a coronária! Vai catar coquinho!

Beijos!

PS: Feliz Aniversário, Isa! Para sempre no meu coração!

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