quarta-feira, 9 de julho de 2014

Mais uma volta em torno do Sol

Aniversários... quando a gente é pequeno não vê a hora de fazer aniversario, ganhar presentes, comer uma montanha de brigadeiro e convidar todos os amigos pra sua casa. Ja quando temos mais de 40 anos, parece que não faz mais diferença. A falta de reação dos ''adultos'' em relação aos seus aniversario é assustadora. Mas pra nos, que estamos no limbo entre os 20 e 40 anos, os aniversários chegam com uma reflexão. Estamos ficando mais velhos, as coisas já não são mais tao fáceis, temos responsabilidades, medos, inseguranças. Reconhecemos que não somos invencíveis, perfeitos ou super-heróis. 

Estamos ficando velhos. Nosso corpo esta diferente, apareceram algumas dores, talvez até alguns cabelos brancos! Mas ao mesmo tempo, onde estamos? Alcançamos tudo que gostaríamos de ter feito? Seguimos nossos sonhos? Ganhamos o salario, o emprego ou a família que desejamos? Muito provavelmente não. Isso me deixa muitas vezes frustrada, decepcionada comigo mesma. E quem na nossa idade (seja ela qual for) alcançou absolutamente todos os seus objetivos?

Eu particularmente estou encerrando o que foi, de longe, o pior ano da minha vida. Talvez outros piores virão (espero que não), mas esse foi um ano que merece o troféu Abacaxi de pior longa-metragem. Nesse ano, perdi muitos amigos, pela distancia física ou por conflitos, descobri o bichinho da depressão e fique cara a cara com o monstro que mora dentro de mim. Perdi o apetite, a vontade de estudar, de trabalhar, de viver. Machuquei-me, fiz os primeiros pontos da minha vida, fiquei muito tempo fisicamente doente, me estressei demais com meu trabalho. Precisei mentir ou esconder verdades de amigos, colegas e da minha família, fiz com que todos perdessem a confiança em mim. Machuquei-os muito também e peço desculpas por isso. 

Mas mesmo no meio de toda essa tempestade, percebi que ganhei muito nesse ano. Aprendi muito sobre mim mesma e descobri quem são meus amigos de verdade e quem são os amigos com quem você vai poder contar em momentos de desespero ou dificuldades (pra minha surpresa, eles não são os mesmos!). Venci um longo tratamento contra deficiência de ferro, passei quase um mês no hospital, ganhei um premio da faculdade, passei na seleção de mestrado, apresentei um seminário em um congresso, aconselhei e ajudei dezenas de pessoas com seus projetos de mestrado, doutorado ou pós-doc. Aprendi a meditar, a conhecer melhor meu corpo e minha mente, aprendi a ouvir o que eles me dizem e a cuidar de mim em primeiro lugar. Em um ano, meu nível de francês passou de A0 para B2 (passando por A1, A2 e B1). Aprendi a ser mais tolerante com as pessoas e comigo mesma. Decidi que é OK ficar triste, brabo, irritado ou pra baixo em um ou outro dia, mesmo que eu não tenho razão para isso. Também me permiti ficar com raiva das outras pessoas, algo que eu evitava ha muito tempo. 

No final, pra mim esse ano ainda teve um balanço negativo: as coisas ruins pesaram muito mais que as positivas. Entretanto, o que importa mesmo é uma simples questão: se o seu ''eu'' criança te visse agora, nesse momento da sua vida, você acha que ele/ela ficaria orgulhoso ou feliz com o que você se tornou? Eu acho que a Patricia de 6-8 anos de idade ficaria muito feliz! E você, o que acha?  

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