domingo, 27 de outubro de 2013

Lausanne Marathon 2013



Olá, pessoal!

Hoje vim aqui dividir minha mais recente e não-traumática (!) experiência de corrida.
Pra quem acompanhou o blog, em abril eu corri os 10 km da 32ª edição dos 20 km de Lausanne. Não foi uma experiência muito boa: estava muito frio, chuvoso e eu mal tinha treinado.

Dessa vez foi diferente. A festa da Maratona de Lausanne é muito maior e começa no dia anterior à corrida:
Ontem, sábado, aconteceu a Pasta Party [Festa da Massa]. Um dos patrocinadores serviu massa nas embarcações chiques do Lago Léman (que costeia Lausanne). Quem se inscreveu na corrida, entrou, comeu e bebeu de graça na primeira classe. Chique!

No mesmo dia, nós pegamos nosso kit corrida: uma mochila, camiseta (tecido de corrida) do evento, envelopes de magnésio pra nos prepararmos e pra repormos o nutriente depois da corrida, folders com informações sobre a corrida, uma sacola plástica do evento pra gente despachar nossas roupas da linha de largada pra de chegada, e uma bolinha com detergente de roupa e amaciante específicos pra roupa esportiva, pra depois da corrida.

Nicole e eu, 2h antes da corrida!
O evento é uma loucura. São várias categorias: caminhada (10km), caminhada nórdica (10km), corrida (10km, 20km e 42km), hand-bike, e mini-maratonas (2, 4 e 6 km) pra crianças de diferentes idades. O negócio teve que ser super-bem organizado. Veja bem: devido ao grande número de pessoas e tendo largadas a cada 3 minutos, o local da chegada não podia ser no mesmo quarteirão. A chegada ficava à 2 km da largada, então a gente recebeu sacos oficiais onde a gente colava nosso número de corrida. Os sacos foram postos em caminhões (um pra cada bloco de participantes) e nos entregaram tudo de novo no final. Se fosse no Brasil tinham perdido metade, né?
Além disso, o pessoal que se inscreveu pros 20 km teve que ir de trem até a outra cidade, onde os 42km dão a volta, e partir de lá. Haja organização da empresa de trens pra levar todo esse povo pra lá a tempo.

Também vimos os "pacers", pessoas que correm em uma velocidade fixa pra dar ritmos àqueles que vão correr a maratona. Vamos combinar que deve ser difícil manter a velocidade constante por 42 km:

Funciona assim: cada "pacer" vai correr a maratona em um tempo diferente (olhem os números nas bandeiras). Se você quer fazer aquele tempo, basta seguir a bandeira. ^-^

O tempo estava horrível de manhã. Chegamos lá debaixo de chuva pesada, mas só deu tempo de nos encharcar mesmo: 5 minutos depois da largada, parou de chover e até o sol apareceu no final. Muito melhor que na edição de 2012, quando nevou!! ¬¬

Então nós corremos. Fizemos um checkpoint nos 6.3 km pra beber água e depois nos arrastamos pro final. Olha aí o videozinho! Nicole e eu fizemos uma dancinha no final pra comemorar a vitória! (Filmagens pela minha querida amiga Pamela Amon, que veio nos receber na chegada!).



No final, era hora de pegar a medalha e correr pro abraço!





Agora era hora de beber muito isotônico, água, comer frutas, etc.
Pra fechar com chave de ouro, o evento também disponibiliza massagens gratuitas no final. Claro que eu fui lá ganhar uma massagem no corpo todo (ainda bem, porque mesmo assim eu estou super doída).

O melhor de tudo foi não terminar com hipotermia, não vomitar e não achar que eu ia ter um ataque do coração. \o/

A próxima corrida é em dezembro, na Christmas Midnight Run! Haja coração!

Obrigada a todos que torceram por mim!

Beijos!

Fotos Bônus:

Olha que tempo maravilhoso:


Mas melhorou à tarde:


E ficou bem melhor pra largada dos 20 km:


Área de retirada dos números pra corrida:


Mapa e checkpoints da corrida:


domingo, 13 de outubro de 2013

Memórias de Infância

Papai, eu e boné do vovô em 1991.

Como ontem foi dia da criança no Brasil, eu tirei um tempo pra tentar relembrar algumas coisas da minha infância. É realmente difícil. Você não sabe o que foi real e quais partes foram inventadas pelo seu cérebro pra preencher lacunas.

Mas alguma coisas eu lembro muito bem:

Eu tinha um carimbo em forma de galo pra brincar de carimbar papéis. Quando eu batia a cabeça e minha mãe dizia que eu tinha um galo na cabeça, eu imaginava o carimbo do galo na minha testa. Eu ia pro banheiro tentar ver o tal do galo, sempre sem sucesso.

Bisa, eu e um chimarrão!
 Quando eu tinha um pesadelo à noite, eu morria de medo de cruzar o corredor gigantesco (2 metros) entre o meu quarto e o do meus pais.

Eu acreditava que meus brinquedos criavam vida à noite pra me proteger dos monstros no escuro.
Depois que eu assisti Chucky, eu comecei a trancar o meu boneco Fofão no armário antes de dormir.

A história infantil que eu mais lembro era a de um mosquito. Ele ficava voando muito perto do ouvido das crianças e, uma noite, foi atingido pelo braço de uma delas. Aí ele quebrou a perna e os outros mosquitos construíram uma tala pra ele com um fósforo. Sabem por que eu lembro dessa história? Porque não faz sentido nenhum! Olha a proporção mosquito-palito! Não funciona! E a aerodinâmica? Simplesmente não ia dar certo.

Formatura de pré-escola. ^-^

Algumas noites eu esperava acordada na cama até meu pai chegar do trabalho. Aí eu levantava e ia sentar com ele na sala enquanto ele comia a janta. Ele gostava de comer ovo frito com arroz, e eu também. Acaba comendo junto com ele, e muitas vezes acho que comia mais da metade da janta dele. Certo que ele tinha que refazer o jantar dele quando isso acontecia. 

Eu lembro que eu nunca conseguia guardar o presente do dia dos pais ou das mães. Sempre acabava dando antes da hora, tamanha era a ansiedade e expectativa. 

Eu gostava quando minha mãe fazia massagem/carinho em mim pra eu pegar no sono. Era tão bom que eu lutava pra não dormir. ^-^

Lembro da manhã do meu aniversário de 7 anos. Eu acordei e fui pra cama dos meus pais, me enfiando debaixo da coberta. Aí uma coisa quentinha começou a subir pelas minhas pernas. Olhe no escuro em embaixo das cobertas e parecia um bichinho de pelúcia que se mexia! Peguei-o e perguntei pra minha mãe "É de verdade?" e ela disse surpresa "É!". Eu tinha ganhado meu primeiro cachorrinho! Naquele dia, fomos visitar minha vó. Durante o caminho todo (50 min) eu fiquei pensando no nome do bichinho. Minha tia Bel, então, sugeriu chamá-la de Nala, como a leoa do filme Rei Leão. Como eu queria ser "diferente e criativa", inverti as sílabas e surgiu a Lana. 

Eu gostava de subir nos móveis de casa puxando todas as gavetas até que elas fizessem uma escada perfeita. 

De manhã, minha mãe acordava a mim e meu irmão com mamadeiras de leite achocolatado morninho! Era uma delícia! Admito que tomei mamadeira assim, pra acordar, até uns 7 ou 8 anos de idade. Confere, mãe? Acho que mais era porque meu irmão de 3 anos também tomava, então eu ganhava uma também pra não dar briga.

Gremista desde sempre.

Durante a tarde, entre o programa do Chaves e da sessão de filmes da tarde, tinha um programa muito tedioso com o Serginho Groisman. Eu odiava aquele programa, mas ficava entre minhas duas coisas favoritas. Então eu virava a mesa de centro da sala e brincava que aquilo era um barco e eu um pirata! Altas aventuras naquela mesinha.

A garagem de ferramentas do meu pai era um lugar mágico. Todas aquelas ferramentas e coisas legais que eu não podia tocar eram demais. Naquela garagem também a gente pintava os pneus velhos e depois brincava de vê-los deslizar pela lomba da subida de carros.

Um dos melhores presentes que meu pai me deu foi uma casa de bonecas. Ela era de madeira, gigante, com telha, janela e tudo. Passa horas brincando lá e tentei acampar lá dentro algumas vezes. Sempre acabava desistindo da ideia por ter medo. 

Eu acreditava que a gente tinha dois estômagos, um pra líquido e um pra sólidos (claro, um ia virar xixi e outro cocô! Olha que óbvio!). Quando eu me engasgava e minha mãe falava "Opa! Foi pro lugar errado!" eu imaginava a comida indo pro lugar das bebidas ou vice-versa. O problema foi a sopa. O que era afinal? Pra onde ia? Aí me pareceu muito lógico que existe uma peneira na entrada do estômago dos líquidos. Quando a peneira enche, ela joga as coisas pro estômago dos sólidos! Olha que beleza! Tudo faz sentido!

Depois que eu vi o filme do pinóquio, eu comecei a rezar com todas as minhas forças pra que uma boneca específica minha virasse uma pessoa de verdade. 

Um dia eu deitei no chão da nossa casa velha, de madeira, e jurei que consegui ouvir um tic-tac vindo debaixo da casa. Obviamente alguém tinha posto uma bomba de baixo da casa. Peguei minhas coisas preciosas e saí correndo pra casa da minha vó. Fiquei esperando algumas horas pra ver se a casa explodia, mas nada. 

Eu lembro do dia em que minha vó Herta colocou meu rosto entre suas mãos e disse como meus olhos brilhavam pra ela. Eu tentei ver algo diferente no espelho, mas não entendi o que ela queria dizer.

Quando uma das minhas vós fazia pipoca, eu gostava de imaginar que eram sons de tiro, como no Velho Oeste, e sair pulando e correndo pela casa. 

Ah, eu lembro dos fogões à lenha. Todos eles! Coisa boa!

Lembro das aventuras com meu primo Pedrinho. Ele vivia perto da minha outra vó e pra mim ele era destemido, corajoso e muito destemido. Grandes férias e finais de semana juntos, incluindo construir pistas de skate, fazer um enterro pra um passarinho (tumba, flores e tudo!), fazer downhill de bicicleta e quase morrer, banho de rio, etc. Um incidente interessante foi quando estávamos explorando as margens do rio que passava perto da casa da minha vó. A gente achou umas roupas presas nas árvores (provavelmente trazidas pela cheia) e na nossa imaginação aquilo eram roupas penduradas de um mendigo que morava alí e que estava naquele mato esperando pra nos atacar. Nunca corremos tão rápido nas nossas vidas. Que medo gente! Péssimo dia pra morrer.

Quando meu pai me ensinou a jogar xadrez, nós jogamos juntos a mesma partida todos os dias durante 1 ou 2 semanas. Ele chegava tarde e eu ficava com sono cedo, então tínhamos que dar uma pausa na partida toda noite. No final, eu ganhei o jogo (tenho quase certeza de que ele me deixou ganhar, já que eu tinha 6 anos). 

Polenta com queijo era sempre uma coisa que tinha o cheiro melhor que o gosto. Eu sempre me arrependia de pedir pra comer um pouco quando minha mãe cozinha isso pro meu irmão. 

Eu gostava de subir em árvores, de dar nomes pras galinhas, de brincar na nossa caixa de arreia e de plantar flores. Mas eu tinha medo dos patos. Eles mordiam.

Eu gostava de deitar abraçada com a minha mãe. Eu encaixava direitinho nos braços dela. :)

Olha que beleza! Um dos raros momentos em que a gente comia porcaria.
Detalhe pras mechas rosas no meu cabelo.
Rafael Meyer, maninha, eu e pacote de Fandangos.

Meu irmão e eu fingíamos estar dormindo no banco de trás do carro quando a gente chegava tarde de uma viagem. Dessa forma, a gente era carregado pra cama e não precisava tomar banho! \o/ 

Enfim, essas são só algumas das muitas memórias que eu tenho de criança. Muita coisa boa, divertida e interessante aconteceu e tenho muitos memórias queridas daquela época, mas a gente cresce, e o mundo adulto é também uma grande aventura!

Beijos!

sábado, 12 de outubro de 2013

A primeira baixa da maratona

Oi, gente! Tudo?

Vim aqui contar os causos e as aventuras de participar de (mais uma) corrida em Lausanne. Essa é a 20ª edição da Maratona de Lausanne e tá todo mundo animado! Claro que eu e meus amigos sedentários não vamos correr os 42 km assim do nada: nos inscrevemos na corrida de 10 km. Talvez vocês lembrem que eu corri a mesma distância em abril, na 32ª edição dos 20 km de Lausanne. Na real, eu mais morri do que corri. Estava extremamente frio pra final de abril, chovendo e ventando que parecia o fim do mundo. Mas, como eu tinha treinado (naquelas, né?) e me inscrevi pra correr com uma amiga, fui assim mesmo. O problema é que depois dos 10 km eu estava morta. Hipotermia pegando, mal-estar, dores por tudo, enfim, um horror. Dessa vez resolvi fazer a coisa certo.

Primeiro montamos um time de corrida aqui na nossa casa de estudante. Temos 2 "personal trainers"/mestrandos em educação física que fizeram um treino pra nós e nos acompanham nas corridas pra corrigir nossa postura e etc.
Depois pegamos um trem e fomos pra Aubonne num outlet da Puma, Nike, Oschner e Reebok comprar roupas de corrida pro inverno, neve e chuva. É luva, touca, calça térmica, camisa de corrida de manga curta, longa, tecidos especiais, casaco impermeável, moletom à prova de vento e toda essa frescura. Bom, eu pensava ser frescura e um investimento bastante alto, mas está fazendo a diferença quando vamos treinar com 2°C e aquele vento descendo dos Alpes. Pela primeira vez na minha vida tenho roupas de marca esportiva. o.O  Felizmente, estava relativamente barato em comparação aos preços normais na Suíça.

Ok. Agora "só" falta treinar. Estou correndo 3 vezes por semana. Já consegui correr quase 7 km sem morrer! Claro que eu tive que fazer 2 checkpoints de 5 minutos pra recuperar o fôlego. Mas tá bom pra 3 semanas de treino, né? Agora temos mais 1 semana de treino forte e 1 semana de treino leve antes da corrida. Veremos.


Agora, minha colega de apartamento, Sofie, foi um caso à parte. Ela é uma daquelas pessoas que consegue correr horas sem treinar, que consegue ignorar os sinais de desespero do próprio corpo e correr em velocidades incríveis sem sentir nada, nem falta de ar. Acho que esse tipo de pessoa sente prazer extremo em correr ou tem alta sensibilidade a endorfinas (ou baixa sensibilidade à dor). Pois bem, enquanto eu, no meu primeiro treino, corri 20 minutos e saí me arrastando pro chuveiro, ela correu 1h num passo extremamente rápido. Apesar de todos nós, incluindo os personal trainers, dizermos pra ela pegar leve, ela não consegue parar de correr quando começa (praticamente um caso de vício).

Pois bem, na segunda semana de treino (3ª ou 4ª vez que ela achou tempo pra correr), ela correu 1h30, sendo a metade final desse tempo lomba acima. Obviamente ela chegou em casa e desmaiou no corredor. Os meninos colocaram ela no sofá e me chamaram. Eram quase 20h30 da noite.
Cheguei lá e ela estava extremamente vermelha, passando muito mal, tremendo, com vontade vomitar, coração batendo muito irregular, respiração pesada. Eu achei que ela ia melhorar logo, em no máximo 1h, pois foi exatamente isso que eu senti depois de correr os primeiros 10 km. Mas aí ela começou a perder a consciência e decidimos que era hora de chamar uma ambulância. Foi lindo. E eu pude andar de ambulância! \o/

O pessoal chegou em menos de 5 minutos. Eles fizeram um ECG nela na hora, mediram pressão, glicose, etc, e decidiram realmente levá-la pro hospital (CHUV). Obviamente eu fui com ela. Tadinha! Ela é muito amável, doce e querida (teimosa, mas querida). Ninguém merece esse tipo de coisa, especialmente ela.
Ficamos lá no hospital das 21h às 4h do outro dia. Parece que ela tinha uma arritmia cardíaca que melhorou com fluídos (claro que ela estava desidratada! ¬¬) e um pouco de descanso. Que aventura, né! Agora ela vai ficar 1 semana de molho, sem correr, e depois vai correr de mãos dadas comigo, numa velocidade tartaruga e distância aceitável.

Só quero ver quantos mais vão passar mal depois da corrida em 2 semanas. Todos esses atletas de fim de semana! (Espero que não seja eu dessa vez. ^-^ ).

Torçam por nós!

Beijos e bom final de semana!