Mais uma semana se passou.
Não foi uma semana muito boa, no final das contas. Me estressei com muita coisa e com muita gente. Ainda tenho muito coisa pra fazer e pouca vontade de fazê-las.
A semana no laboratório foi legal, mas eu trabalhei muito mais do que o "muito" usual. Dos 5 experimentos que fizemos em 3 semanas, 3 foram ontem. Foi um dia corrido, fiz uma maratona pelo departamento. Hoje, meu pé está doendo. Fiquei com tendinite. Acho que passei o dia todo pisando errado. ¬¬
Por eu estar mancando com um pé, acabei ficando com dor no joelho contralateral (bah, essa saiu diretamente dos primórdios da disciplina de Anatomia Humana I).
E é óbvio que a minha coluna não gostou nem um pouco dessa brincadeira. O lado bom foi que meu cartão do plano de saúde chegou essa semana! Já vou chegar causando prejuízo XD
Hoje descobri que eu e a Nicole, outra menina que faz pré-mestrado no mesmo lab, teríamos que apresentar nossos resultados na reunião do lab. Foi meio de supetão, então não deu tempo de ficar muito nervosa. Claro que não foi uma apresentação muito boa, já que eu estava tão atucanada com os experimentos que já nem sabia mais o que estava acontecendo. Mas enfim.
Tenho notícias sobre o Alface. Semana passada tivemos apresentações de artigos em duplas, exceto o Alface, que apresentou sozinho. Incrivelmente ele explicou bem (não que eu tivesse prestado atenção, mas ele parecia bem convincente). Me contaram que ele colocou fogo no jaleco no primeiro dia no laboratório e que depois disso o orientador dele obriga-o a colocar óculos de proteção 100% do tempo, mesmo pra fazer coisas inofensivas. A menina que está no mesmo laboratório que ele disse que ele fica metade do tempo enchendo caixas de ponteiras. XD Pelo menos não tem erro, né!
Que mais? Ah, minha colega de apartamento sem noção (aquela da festa) está conseguindo me tirar do sério toda semana agora. Há duas semanas ela deveria ter limpado o banheiro, mas não limpou. Na semana seguinte, era minha vez de limpar, mas o treco estava encardido que dava nojo de ver! Ela não estava em casa naquele final de semana, então eu acabei limpando porque não aguentava mais aquela sujeira. Semana passada ela devia ter limpado o chão, mas não limpou. Dois dias depois recebemos uma checagem surpresa da limpeza do apê e eles reclamaram, obviamente. O problema é que eles nunca reclamam de uma coisa só, então por causa do chão sujo nós tivemos que limpar todo o apartamento. Ficamos limpando a casa das 21h às 23h na quarta-feira por causa disso. Claro que eu fiquei muito braba, né! Sacanagem! Mas não seria possível deixar ela limpar tudo sozinha, seria bem capaz de a gente tomar uma multa no dia seguinte (que todos são obrigados a pagar). Eu queria matar um. Juro que se ela não tivesse limpado o chão nesse dia (por causa da multa) eu ia me recusar a limpar essa semana porque o chão estava realmente imundo. Eu ia começar a ignorar minhas tarefas também e assistir ao mundo pegar fogo.
Essa madrugada, ela chegou às 4.30 am com um cara de uma festa qualquer. Totalmente bêbados, eles resolveram cozinhar e conversas/berrar na cozinha enquanto tomavam vinho. Praticamente na porta do meu quarto. Ótimo.
Além disso, como ela fuma de noite, ela deixa as janelas da casa abertas de madrugada. Quando eu levanto de manhã, sinto como se estivesse na Sibéria. Faz cerca de -1ºC de manhã cedo, então eu saio do meu quarto aquecido e enfrento uma nevasca! PQP! E não adianta falar. Estou começando a deixar bilhetes pela casa quando essas coisas acontecem. Eu sei que é um ótimo modo de se fazer inimigos, já que os bilhetes que eu escrevo em modo "emputecida" não são muito diplomáticos, mas é o jeito. Até porque ela dorme durante o dia e faz festa de noite, então eu raramente a vejo. Ahhh, que saudades da Fernanda, minha colega de apartamento em Porto Alegre. Ela era a roomie mais perfeita do mundo! ;_;
Hoje fui fazer meu cartão de meio-passe pro sistema de trens nacional. Uma facada de 135 francos por ano só pra pagar meia passagem de trem. Agora eu vou ter que fazer render! Vamos passear povo! Acho que é meu cartão número 84 aqui na Suíça. Tem o cartão da lavanderia, do correio, do crédito do correio, do home-banking do correio (e repete tudo isso pra minha conta no banco privado, adicionado um cartão especial pra poupança), o do plano de saúde nacional, o do plano de saúde internacional, o da farmácia pós-paga (outro serviço do plano de saúde), o do metro, o do trem, o da UNIL, o da EPFL, o do departamento de bioquímica (pra entrar no lab), meu cartão de permissão de residência, meus cartões de crédito internacionais Visa e Master, e por aí vai. Acho que preciso de uma carteira só pros cartões. o.o
Ontem eu tremi na base quando descobri que só tenho mais 200 francos pra sobreviver até dia 5 de novembro. Vou ter que cortar meu café no meio da manhã e o chocolate depois do almoço. E o do final da tarde também. Talvez o do meio da tarde eu possa salvar. Oremos.
Ou talvez eu esteja comendo muito chocolate. Sabe qual é o problema? Chocolate aqui é barato! É a única coisa boa que eu posso comprar! Em Cingapura, eu comprei uma barra de chocolate em 6 meses. Eu tenho orgulho disso. Mas também, cada uma custava 20 dólares. Aqui custa o equivalente a 50 centavos de dólar. Como resistir?! Juro que farei um esforço pessoal! Vou reduzir o chocolate. Prometo. u_u
Ah, vocês querem conhecer o povo do meu lab? Aí vai:
-Fabio Martinon: chefe do lab. Ele é suíço, raspa a cabeça pra ninguém perceber que está ficando calvo. Está sempre fazendo piada e é o que mais ri das próprias piadas. Ele adora falar, discutir e criar bancos de dados para tudo, incluindo experimentos individuais, células, reagentes, anticorpos, compras e pessoas. Ele tem um pouco de TOC nesse sentido. Mas ele é bem legal. Sempre está pronto pra nos receber na sala dele e responder nossas dúvidas.
-Aude: Minha supervisora. Ela é da França e faz o segundo pós-doc aqui. Ela tem um filho de 2 anos e um cavalo!!! \o/ Eu sempre quis ter um cavalo... Ela adora fazer 4 mil experimentos ao mesmo tempo, exatamente como eu. Isso não dá muito certo porque nenhuma de nós nunca percebe a realidade da quantidade absurda de coisas que planejamos fazer naquele dia. É sempre bom ter um colega que nos mande "desligar" de vez em quando pra gente não surtar. Ela parece o tipo de pós-doc que eu vou ser quando crescer. Acho que eu gostei da visão. :)
-Borjan: da Sérvia. O cara é a única pessoa no mundo que importa chocolate pra Suíça. Ele sempre traz quilos quando volta de uma viagem pra casa. Faz doutorado na UNIL. A única pessoa no departamento que também não fala francês, então eu simpatizo muito com ele.
-Antonia: Italiana. Doutoranda muito simpática e querida. Ela é a DJ do lab. A primeira coisa que faz ao chegar é ligar o PC e colocar numa rádio alemã (o.O). Por que não, né?
-Rémy: doutorando também. Muito prestativo, sempre me salva quando eu faço alguma besteira antes que meus supervisores vejam a cagada (todo mundo tem um colega salvador da pátria assim, vamos combinar). Ele cozinha, provavelmente por ser suíço. Aparentemente eles adoram cozinhar.
-Gianluca: Italiano. Doutorando. Corre a maratona de Lausanne todos os anos desde de 2007 e gruda o certificado na parede do laboratório (como se contasse pra alguma coisa...). Aparentemente ele quer mostrar que evolui na classificação geral a cada ano que passa (apesar de eu achar muito suspeito o fato de que o certificado de 2010 esteja faltando...). Ele é muito querido também. Eu sempre roubo as pipetas dele e ele não me xinga (muito).
-Nicoleta (eu chamo de Nicole): Italiana. Faz o mesmo mestrado que eu, então é aluna de pré-mestrado no laboratório. Ele é bem elétrica, não pára um minuto. Mas ficamos praticamente o dia todo conversando besteira na bancada enquanto fazemos os experimentos. Ela tem a incrível e admirável capacidade de rir de si mesma sempre, então ela não se estressa quando faz algo errado. Preciso passar mais tempo com ela e aprender a fazer isso também. [nota mental].
E só. Lab pequeno, mas é normal aqui.
Foi mal pelo post longo e pelos erros de digitação que certamente estão por aí. Vou acabar aqui antes que vocês desistam de vez de ler esse negócio.
Beijos!
Pati.