quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pérolas - Parte 1

Post em homenagem ao meu querido mentor, que teve que me aguentar por 6 meses. Algumas pérolas já estava no facebook, mas resolvi fazer uma coletânea. Agora vocês terão uma amostra das coisas pelas quais eu passei. Tudo pela ciência!

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Patrícia trocando SMS com Kasim, que foi embora às 6 pm.

Pat, 8:40 pm: Oi, vou incubar as membranas durante a noite em vez de por 2 horas. Se não vou ficar aqui até as 11h.
Kasim, 8:47: Okay.
Pat, 8:48: Não foi uma pergunta.
Kasim: 9:03: Tu tá sabendo que tua avaliação é amanhã, né?

Ops.

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Pat: Kasim, tu vai sentir falta de mim?
Kasim: Claro que sim! Vou ter que voltar a fazer meu próprio meio de cultura!
Pat: Hã?! Tu tava usando meu meio de cultura?
Kasim: Não...  *disfarça*


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Kasim: Decidi que o nome da célula que você clonou vai ser VJ1072.
Pat: Mas se fui eu que clonei, eu queria escolher o nome. Posso? o.o
Kasim: Claro que pode! ^^ Desde que seja VJ1072. u_u

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Kasim: Meu deus! Qual o problema de vocês alunos? É pra colocar exatamente a mesma quantidade de beads [umas bolinhas minúsculas] em cada tubo!
Pat: Eu tento, mas nem sempre dá! As vezes vem um pouco mais. Como eu faço então?
Kasim: Conta as beads antes de colocar. u_u
Pat: Mas são umas 20 mil por tubo! O.O
Kasim: Tu quer que eu traga tua janta?

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Pat: Kasim, vou começar a escrever meu relatório do estágio amanhã. Eu posso colocar só os experimentos que funcionaram?
Kasim: Obviamente.
Pat: Que bom! Então não vou precisar escrever o relatório! \o/
Kasim: Argh! Students... x_x Senta. E escreve. AGORA.

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Kasim finalmente volta depois de 2 semanas de ferias.

Kasim: Entao, o que voce fez nessa semana?
Patricia: Achei a cura do cancer!!! *tri animada* \o/
Kasim: So isso? u_u

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Patrícia conversando com Wei Theng após o almoço.

Pat: Hoje o Kasim está anormalmente de mau-humor.
WT:   o.O?? Eu não sabia que era possível ele estar "anormalmente" de mau-humor.

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Kasim: O experimento é assim: nas próximas 6 semanas você vem aqui todos os dias, pinga o corante nas células, espera 4 horas e vê o que deu. Simples.
Pat: TODOS os dias? o.O
Kasim: TODOS os dias. u_u
Pat: Mas... e a minha vida? o.o
Kasim: Que vida?
...
Pat: A gente pode ao menos reversar nos feriados? ;_;
Kasim: Claro... que não. Eu tenho vida, sabia? u_u Agora vai lá terminar o PCR.

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Primeiro dia de trabalho depois do feriadão de ano-novo (nem lembro mais qual ano novo que era).

Kasim: Como estão as coisas?
Pat: Nossa, passeamos muito, fomos em milhares de festas, acordamos cedo pra ir num passeio de barco e eu quase não tive tempo de dormir! Tenho que vir pro laboratório pra poder descansar mesmo...
Kasim: Eu também! Aqui está a minha lista de tarefas pra essa semana... Te diverte. u_u

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Pat: Kasim, subi pro 7º andar com os materiais, mas não consegui fazer o FACS funcionar.
K: Huum... (lendo alguma coisa no PC). Por que tu desceu?
Pat: Pra te perguntar a senha.
K: Por que tu não ligou? (ainda olhando pro PC)
Pat: Porque eu não tinha como...
K: Tu não leu a lista dos materiais que eu fiz pra ti?
E: sim, levei tudo que precisava...
K me entrega de novo a lista de materiais: Lê o item 24, abaixo de "Pipeta 1mL", se não me engano.
...
21. Becker 2 Litros
22. Rack
23. Pipteta LabMate 1mL
24. iPhone

Pat: Hum... tá...
K: volta pra cima e me liga. Aí eu te ajudo.

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Pat: Olha, Kasim! O melhor western blot da minha vida!
Kasim: Isso quer dizer que você teve uma vida extremamente curta, do tipo, 2 dias?

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Primeiro dia:
Kasim: Então, quais seus connhecimentos de FACS, clonagem de células, gerenciamento de colônias mutantes e infecção-transfecção?
Pat: Aham.... nenhum.
Kasim: (baixinho) O que eu fiz pra merecer isso?...

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Kasim: Aproveita e cora o gel pra ver a quantidade de proteína.
Pat: Tarde demais.
Kasim: Tu já jogou fora?
Pat: Sim...
Kasim: Então cata. u_u
Pat: Ahhh! Mas são 3 sacos inteiros de descarte!
Kasim: Pelas minhas contas tu ainda tem 2 semanas.

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Kasim: Então nesse experimento tu coleta amostras de células a cada 2 horas por 3 dias.
Pat: O.O ?!!!
Kasim: Não se preocupe, eu te trago um colchão.


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Ai,ai. Foi bom enquanto durou...

domingo, 24 de junho de 2012

O tempo não voa

Véi, na boa, nem parece que estou aqui há 6 meses. Parece que só se passaram... 5,75! XD
A verdade é que as pessoas vivem dizendo que o tempo passa muito rápido, que a gente cresce muito rápido, que quando você percebe já é ano-novo de novo. Também tentaram me convencer de que 6 meses passariam rápido. Sabe de uma coisa? BA-LE-LA. Esse 6 meses demoram exatamente 6 meses pra passar. O que faz diferença na nossa percepção de tempo é o quanto aproveitamos nosso tempo e o que fazemos com ele. Se você vai pra faculdade ou pro trabalho querendo que o dia e a semana acabem de uma vez, você acaba não curtindo 5 dias da semana! O pior é que as pessoas esperam pelo final de semana e: 
-dormem até tarde pela manhã e/ou tiram cochilos gigantes à tarde
-passam o resto do tempo no internet
-de vez em quando precisam ficar atolados nos livros ou terminando algo que não fizeram durante a semana
-às vezes você vai arranjar um passeio legal, uma visita ou algo diferente pra fazer, mas via de regra os finais de semana serão sempre iguais. 
Aí chega o domingo à noite e todo mundo começa a reclamar que já é segunda-feira de novo. Pelo amor de deus! Vocês perceberam que só estão "vivendo" algumas horas por semana? Quem sabe começar a aproveitar os 7 dias pra fazer alguma coisa, pra aprender ou pra melhor alguma das suas habilidades? Não tem tempo? Nem eu! Mas você vai deixar por isso mesmo? Pelo menos dê o seu máximo no trabalho ou na faculdade. Não gosta? Não tem entusiasmo? TROCA. Ou então parem de "mi mi mi" sobre como o tempo voa. É a sua vida. É a sua luta. São as suas escolhas.
Eu escolhi viver cada minuto no laboratório e fora dele. Claro que tinha os dias que eu tinha preguiça de sair de casa e ir passear, mas sempre ia, pelo menos, fazer algum esporte ou compras no mercado. Aprendi algo novo quase todos os dias, fortaleci os laços de amizades com amigos e fiz coisas das quais eu gosto. Não só nos finais de semana. Todos os dias.
Tive momentos aqui em que eu realmente sentia que a semana estava passando muito rápido. Não tinha tempo pra fazer as coisas que eu queria e os prazos estavam cada vez mais perto. Resolvi mudar. Organizei meus intervalos de 20-30 minutos entre os experimentos no laboratório pra fazer alguns deveres de casa, responder e-mails, mandar e-mails, ler ou escrever alguma coisa. Comecei a acordar mais cedo pra tomar um café da manhã com calma e conversar com minha família no skype mais cedo do que de costume. Resolvi caminhar até o metro em vez de pegar um ônibus, assim eu acordava de vez e não ficava me lerdeando no laboratório pela manhã. À noite, parei de assistir seriados aleatórios e reduzi meu tempo de internet (Facebook e etc) pra 30 min por dia. Também restringi os jogos para os finais de semana.
O melhor de tudo? Não senti falta de nada. E consegui abrir umas 3 horas na minha rotina pra fazer as coisas que eu gosto, como praticar esportes e até fazer um curso de línguas. 
Então, fica a dica. Preste atenção no seu corpo, nas pessoas ao seu redor, no que você está fazendo e sentindo. Eu duvido que você vá ficar entediado. Viva! Ou não. Eu não me importo. Só não venha reclamar que está ficando velho e que "o tempo voa."

É minha última semana. Estou começando a apreciar os comentários malvados do Kasim, estou achando engraçado ver todo os estrangeiros (inclusive eu) sendo obrigados a comer comida ruim, etc. A fase da saudade por antecipação já passou. Agora só estou nervosa com minha apresentação de amanhã e com as milhares de coisas que vou ter que deixar organizadas antes de ir embora. Boa sorte pro novo aluno. 
Bah, estou muito nervosa com a apresentação mesmo. Nunca me senti assim. Tenho 43 slides. Praticamente só figuras (não ponho muito texto se não a platéia entra em coma).

E sim, estou morrendo de saudades de casa! (embora eu acho que vou me entediar na primeira semana. Faz uns 2 anos que não tiro férias. Não saberei por onde começar. Amigos, vocês serão recrutados! Aguardem)

Beijos e foi mal pelo sermão, mas as pessoas estão começando a me incomodar com esse negócio.

sábado, 16 de junho de 2012

Nas finaleiras

Bah, a contagem regressiva tá apertando. Faltam 14 dias pra eu fazer minhas malas e voltar pra minha terra. Eu estou feliz por um lado, mas triste por outros. Triste porque vou ter que deixar grandes amigos por aqui, como o pessoal da escalada, colegas de apê, alguns amigos queridos do laboratório e a Wei Theng, claro, minha melhor aqui e que até já considero parte da minha família. Outras coisas que vou sentir falta são o transporte público excelente, a limpeza, a organização, o verão constante, o salário e todas as facilidades de pesquisa no laboratório. 
Por outro lado, não sentir falta nenhuma da comida nem desse povo. Estou feliz poder voltar pro meu quarto, pra minha casa, pra minha família, pro meu cachorro, pro meu gato, pra comer a comidinha dos meus pais, pra assistir filmes tomando chocolate quente debaixo do cobertor e,claro, pra rever amigos queridos e familiares. 
Nossa, parece que foi ontem que eu entrei no laboratório pela primeira vez. Não tinha basicamente ninguém, já que era logo depois do ano novo real (1º de dezembro). A Wei Theng me recebeu e eu fiquei incomodando a coitada o dia todo. No dia seguinte, o Kasim apareceu pela primeira vez na minha vida. Ela nunca mais seria a mesma. Ele fez uma mini entrevista comigo, eu já apavorada por não saber quase nada e ele sempre agindo daquela forma estranha, distante e difícil de entender. Ele é muito inteligente, mas não tem habilidade para falar com as pessoas. às vezes não sei se ele não me ouviu, não entendeu meu inglês ou se só está me ignorando mesmo. No começo até tudo bem, mas hoje em dia é uma dor de cabeça ter que lidar com ele todos os dias. Ele espera muito de mim, ao contrário do chefe do lab. O Kasim se esforça pra demonstrar que fica muitas vezes decepcionado, mas eu percebo. Por outro lado, ele também faz um esforço sobre-humano pra mostrar que não está impressionado. O negócio dele é não mostrar emoções, o que por um lado é bom, já que uma pessoa normal teria gritado comigo, me xingado e me matado diversas vezes durante esse meio ano. Mesmo com seus prós e contras, espero conseguir um supervisor normal nos próximos anos... 
Eu realmente não sinto que estou aqui há seis meses. Só percebo quando vejo que tenho milhares de fotos e quando meu relatório de estágio tem 30 páginas e 18 figuras. Falando nisso, tenho que fazer uma apresentação dia 25. Já estou nervosa. Tenho montar esse treco e treinar pra não falar besteira. Espero que o Kasim não peça pra eu treinar a apresentação com ele antes, vou morrer de vergonha XD.
Então esse final de semana vai ser calmo. Café hoje a tarde com a Flávia, uma pos-doc que eu conheci pela net e amanhã temos escalada no clube do exército. Por causa disso, cancelei minha natação de hoje. Preciso estar inteira amanhã.
Ah, nessa semana fui correr com a Wei Theng na universidade. "Correr" na verdade foi a média da velocidade, já que ela voava e eu praticamente caminhava. Realmente corrida não é um talento meu. E certamente não é uma coisa que você desenvolve com facilidade. Ela disse que no primeiro dia que começou a treinar correu 2,5 km em 20 min. Eu morro se tentar correr 1 km, mesmo com minha preparação física de natação. Consigo nadar 2 km em menos de 1h sem parar pra descansar. Já a Wei Theng nada 50 metros e para 5 minutos pra recuperar o fôlego. Realmente, a vida não faz sentido.

Beijos!

sábado, 9 de junho de 2012

Bungee Jump

Demorou, mas eu voltei.
No momento, estou emputecida com o site online de submissão de resumos de um congresso pro qual eu me inscrevi. Há uma semana, recebi um e-mail dizendo que o status do meu resumo tinha mudado. Entrei lá no sistema e tinha passado de "sent" [enviado] para "under review" [em revisão]. Totalmente inútil, né! Hoje recebi um e-mail de novo. Mudou de "under review" para "em avaliação", QUE SIGNIFICA A MESMA COISA, #%$#%*&!
Okay, calma, respira. 
Tá, novidades.
Bom, o Kasim continua do mesmo jeito. Eu acho que ele não faz esforço nenhum pra tentar se aproximar das pessoas ou ter qualquer tipo de contato social com ninguém. Não faz questão nenhuma de seguir algumas regras socialmente estabelecidas como dar bom dia, perguntar como você vai, se precisa de ajuda, etc. Ele ainda faz um esforço tremendo pra não rir das piadas das outras pessoas, principalmente das minhas. Acho que tem umas síndromes que apresentam essas sintomas, não?
Meu chefe continua no meu pé, querendo que eu faça (mais) milagres com a quantidade mínima de células que eu tenho. Semana passada operei 112 embriões e somente TRÊS tinham os genes que eu precisava. O Kasim declarou oficialmente que eu sou a pessoa mais azarada da face da Terra (ele conseguiu 38 de 45 pro projeto dele. Morram!). 
Semana que vem meu chefe vai viajar pra China, o que significa que eu poderia chegar as 11 da manhã no lab sem problemas, já que o Kasim só vai chegar pro almoço mesmo (cedo pra ele é as 10h30. Madrugada é as 9h, acreditem). Mas NÃO, bem nessa semana o Kasim inventou que temos que repetir os experimentos de coletar amostras de células a cada 3 horas nas próximas 72h, começando segunda-feira de manhã. A única semana do mês (espero eu) em que eu vou de fato me estrebuchar (gostei dessa palavra) no laboratório não ter ninguém pra eu impressionar. Depois eu conto e as pessoas não acreditam. Affe. Karma.

Nessa sexta Isabelle, Wei Theng e eu fomos no bungee jump reverso daqui de Cingapura. É basicamente um elástico que te lança muito alto e depois você cai. E sobe de novo, e cai, e gira, e vai de novo. Muito apavorante. Quase morri. No final, minha cabeça girava... Foi muito legal! O Matias se agalinhou e decidiu ficar só tirando fotos. Argentinos...

Eu não consigo não rir quando olho pra essa foto.



















Depois da nossa aventura voadora, fomos jantar no McDonalds, onde eles estão fazendo batatas fritas em forma de waffles. Ficamos ali umas 2 horas conversando e fazendo pilhas com as caixas dos sanduíches, das batatas, com os copos, etc. Muito engraçado! (e retardado, mas quando a gente está entre amigos essas coisas se tornam irrelevantes).

Hoje teve meu almoço de despedida com o pessoal da escalada. Ainda vamos nos ver, mas é complicada achar um dia em que todos os 18 podem se reunir. O melhor que conseguimos foram 14 pra hoje.
Fomos num restaurante japonês com buffet livre, incluindo as bebidas.
Tinha muito peixe, mas também tinha muita galinha e porco. Tinha muita coisa gostosa feita de batata, milho, verduras, etc. No final ainda tinha diversos tipos de sobremesa, sorvete de maquininha (a gente mesmo podia se servir e tentar fazer aqueles sorvetes italianos. Descobri que, se a carreira científica der certo, nunca vou conseguir um emprego no McDonalds. Vou tentar direto nas Lojas do Aldo).
Pra encerrar, milhares de tipo de chá, cafés e chocolates quentes. Uma orgia gastronômica. O buffet fica aberto das 12h as 15h. Passamos essas 3h comendo. Jesus amado. Depois passeamos/rolamos pelo shopping por umas duas horas. E como esse povo consegui falar besteira! É um grupo de amigos não muito habitual pra Cingapura pela quantidade de merda que a gente conseguiu falar e pela quantidade de risadas. Geralmente os grupos de amigos são muito calmos, quietos, falando baixo. Acho que o fato de juntar tanta gente w que nem sempre consegue escalar nos mesmos dias foi um fator decisivo. Tinha gente que eu não via há meses! 

Ontem tivemos um almoço do laboratório por causa de outro paper que foi aceito (adoro quando isso acontece porque daí não preciso comer arroz sem gosto no food court). Logo antes eu e o chefe tivemos um encontro/café da manhã com um gênio especializado em envelope nuclear. Fomos la mostrar meus resultados e discutir possibilidades. As ideias foram tantas e tão impossíveis que estou muito feliz por não estar aqui no momento em que os vírus estarão prontos. \o/ Boa sorte, alunos novos.

Agora tenho que sair da internet e começar a fazer os mil relatórios do final da bolsa, além de me preparar psicologicamente pro meu seminário magno no instituto, daqui a 3 semanas. Meu deus. Vou ter um treco, engasgar, gaguejar, tropeçar no microfone, me enrolar nos fios do computador, perder o pointer ou algo pior. Prevejo uma tragédia. 

Ah, estou trabalhando nesse final de semana. T_T
E vocês no feriado! Eu mereço...

Beijos!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Tailândia - Parte III

Voltemos.

Então no terceiro dia, domingo, o dono do hostel se ofereceu pra nos levar pra conhecer outras praias em Phuket. Fomos de moto, sem capacete, obviamente.
Primeiro paramos nuns lugares pra "ver a vista" (a expressão mais estúpida que eu conheço. Fato). Depois fomos pra uma praia semi-deserta (só tinha um casal de meia idade tomando banho de sol) ver os peixes com aquelas máscaras de mergulho. Tinha várias estrelas-do-mar também! Tão lindas! Nadamos um monte e pra meio longe da praia. Na volta, quase morri nadando. Quando eu estava quase desistindo, nadando a 100 metros por hora, vi uma mãe-d'água do tamanho de... ah, não sei... dois travesseiros? Do tamanho daquelas caixas de isopor que seu tio bêbado levava pra passar o domingo na praia? Não sei, mas era enorme. Os tentáculos tinham mais de 1 metro! Aí, menina, nunca nadei tão rápido na minha vida. Mais um pouco eu ia pras Olimpíadas.

(Só um parênteses aqui. Está sendo extremamente doloroso escrever esse post. Verdade! Eu consegui enfiar, não sei como, um pedaço de plástico enorme embaixo da minha unha do dedo indicador no laboratório hoje. Gênio.)

Depois dessa praia, fomos pra outra tentar ver peixes encurralados nas pedras pela maré baixa. Não achamos muitos peixes, mais caranguejos. A praia também era linda, água clara, semi-deserta, etc. Almoçamos massa tailandesa (basicamente macarrão feito com arroz e frito depois de cozido. Bem bom.).

Ficamos alí na praia até umas 4 horas, com o dono do hostel e o melhor amigo dele, o Cory, contando piadas, fazendo imitações, etc. Eles são demais!

Em seguida, fomos pra uma reserva ver uns chimpanzés muito simpáticos. O lugar oferece bananas pra gente dar pros animais, mas acho que eles não aguentavam mais ver aquilo. O que eles queriam era que a gente coçasse suas costas. Eles se espremiam com as costas contra a grade e, quando a gente não dava atenção, eles se viraram e te cutucavam. Muito fofos!

No mesmo lugar, tinha elefantes! Ao contrário dos lugares que exploram os animais, aqueles eram bem cuidados, alimentados, penteados, tomavam banho e estavam livres pra caminhar pela reserva. Um deles veio até nós e pediu carinho e bananas! Que experiência incrível! Eles são tão grandes, mas tão dóceis. Deixavam a gente acariciar e mexer com eles. 

Então fomos pra um bar no topo da montanha ver o pôr-do-sol MARAVILHOSO! Estava acontecendo um casamento ao mesmo tempo, então apreciamos aquilo também.

Voltamos cansadas, tomamos um banho e descemos pra comer pizza com o pessoal (os dois que passaram o dia com a gente mais um povo do hostel). Jogamos um pouco de cartas e, depois de umas partidas, o pessoal começou um jogo um pouco diferente. Na verdade, era desculpa pra beber. O nome do jogo é Kings. A moral é tirar uma carta e beber por algum motivo diferente. É bem engraçado, na verdade, mas com minha tolerância zero pra esse tipo de coisa, não participei de tudo (desisti tipo meia-noite). Me contaram que as 4am o pessoal foi tomar banho de mar com uma garrafa de bebida. Deve ter sido divertido, mas que perigo! 

No dia seguinte, a Cris estava morta. Ela até tentou levantar, mas depois de um evento vomitífero no restaurante ode pretendíamos almoçar, concluí que elas precisava de mais umas horas pra se recuperar. Eu fui pra praia, obviamente! Me entupi de protetor, porque já estava torradinha dos dias anteriores. Quando a tarde estava caindo, resolvi voltar mas vi o povo do hostel vindo pra praia. Sentamos num barzinho no final da praia, acima das pedras. Novamente o pessoal bebeu. A Cris só pediu uma torrada, mas nem isso conseguiu comer. Bah, que horror!

À noite nos reunimos no lobby do hostel pra comer pizza de novo e assistir filmes. Programa mais light. 
O dia seguinte seria nosso último na Tailândia. Já não queria mais voltar. O povo é muito legal, acolhedor, gentil. A equipe do hostel era demais! Só de pensar no laboratório de novo... não que eu não goste, mas vida de férias é outra coisa.
Nesse último dia fomos visitar uma estátua gigante do Buda no topo de um morro (parece que a estátua está há anos em construção, mas tudo bem. Se estiver pronta os turistas não doam dinheiro, né?). Depois fomos a outros templos budistas. Não me interesso muito por essas coisas, pra mim foi um passeio dispensável, mas tinha umas construções bem chiques e bonitinhas.

À tarde, praia! Dessa vez aluguei uma prancha e surfei. Não que o mar estivesse uma maravilha, mas agora posso dizer que surfei na Tailândia. \o/
Também fizemos uma massagem de 1h no corpo todo. Muito bom, relaxante, só um pouco desconfortável ter que ficar praticamente pelada no lugar. Muito estranho no começo. Mas valeu a pena.

À noite, rumamos para o aeroporto, onde compramos donuts deliciosos pra comer enquanto esperávamos o voo. Não que eu estivesse com fome, já que uma guria do hostel nos serviu uma macarronada caseira antes de partirmos (de graça!), mas eles estavam sorrindo pra mim...

Literalmente.
Pra compensar nosso voo horrível de ida, voltamos na poltrona da saída de emergência, com espaço super-extra pras pernas e poltrona reclinável!

Oh, beleza!

No dia seguinte, de volta à realidade, parecia que meu corpo se negava a re-engrenar. Na real, eu passei mal por causa de alguma coisa que eu comi no último dia lá (aposto que foram esses colegas sorridentes aí em cima). Eu até tentei ir trabalhar, cheguei até a parada ônibus. Quando tudo começou a girar, percebi que precisava de um tempo. Eu queria ir pro lab porque ia ter uma visita muito importante naquele dia. Mas enfim. Voltei e dormi mais umas 8 horas seguidas. Quando acordei, percebi que não tinha avisado ninguém oficialmente que estava doente, só postei pro povo do lab no facebook. O Kasim surtou total. Segundo a Wei Theng, ele perguntou pra todas as almas no instituto se alguém sabia de mim. Ele achou que eu tivesse sido sequestrada... Tá, né. Depois de descobrir que eu estava doente, o surto aliviou um pouco, mas ele continuou preocupado que eu tivesse comido uns grilhos na Tailândia e fosse morrer de intoxicação alimentar. No fundo, mas bem no fundo, ele talvez se importe comigo. Apesar de parecer um sacrifício pra ele, uma dor na alma ter que me ensinar tudo todos os dias (eu entendo. Depois do 6 estudantes tu não aguenta mais explicar pra que serve o DNA) e meus experimentos ainda darem inexplicavelmente errados, temos nossos momentos. 
Ainda hoje ele viu que eu estava revisando um paper, olhou por cima do meu ombro e disse: "Como assim??? Eu tenho 16 anos de pesquisa e nunca revisei um paper na vida! Agora vem esses estudantes que mal saíram das fraldas e saem revisando tudo que vêem pela frente! O que você tem que eu não tenho??!" (tri indignado). Ele não queria uma resposta, mas eu perco o emprego sem perder a piada: "Cabelo? o.o". Ele tentou não rir, mas não deu pra disfarçar direito. Acho que agora ele está meio que se vingando de mim (ou pela piada ou por eu ter feito ele rir, coisa que não acontece). Nunca fiz tanto PCR na vida. Mesmo assim o placar está:
Patrícia: 1.
Kasim: 84.

Fui!