domingo, 27 de outubro de 2013

Lausanne Marathon 2013



Olá, pessoal!

Hoje vim aqui dividir minha mais recente e não-traumática (!) experiência de corrida.
Pra quem acompanhou o blog, em abril eu corri os 10 km da 32ª edição dos 20 km de Lausanne. Não foi uma experiência muito boa: estava muito frio, chuvoso e eu mal tinha treinado.

Dessa vez foi diferente. A festa da Maratona de Lausanne é muito maior e começa no dia anterior à corrida:
Ontem, sábado, aconteceu a Pasta Party [Festa da Massa]. Um dos patrocinadores serviu massa nas embarcações chiques do Lago Léman (que costeia Lausanne). Quem se inscreveu na corrida, entrou, comeu e bebeu de graça na primeira classe. Chique!

No mesmo dia, nós pegamos nosso kit corrida: uma mochila, camiseta (tecido de corrida) do evento, envelopes de magnésio pra nos prepararmos e pra repormos o nutriente depois da corrida, folders com informações sobre a corrida, uma sacola plástica do evento pra gente despachar nossas roupas da linha de largada pra de chegada, e uma bolinha com detergente de roupa e amaciante específicos pra roupa esportiva, pra depois da corrida.

Nicole e eu, 2h antes da corrida!
O evento é uma loucura. São várias categorias: caminhada (10km), caminhada nórdica (10km), corrida (10km, 20km e 42km), hand-bike, e mini-maratonas (2, 4 e 6 km) pra crianças de diferentes idades. O negócio teve que ser super-bem organizado. Veja bem: devido ao grande número de pessoas e tendo largadas a cada 3 minutos, o local da chegada não podia ser no mesmo quarteirão. A chegada ficava à 2 km da largada, então a gente recebeu sacos oficiais onde a gente colava nosso número de corrida. Os sacos foram postos em caminhões (um pra cada bloco de participantes) e nos entregaram tudo de novo no final. Se fosse no Brasil tinham perdido metade, né?
Além disso, o pessoal que se inscreveu pros 20 km teve que ir de trem até a outra cidade, onde os 42km dão a volta, e partir de lá. Haja organização da empresa de trens pra levar todo esse povo pra lá a tempo.

Também vimos os "pacers", pessoas que correm em uma velocidade fixa pra dar ritmos àqueles que vão correr a maratona. Vamos combinar que deve ser difícil manter a velocidade constante por 42 km:

Funciona assim: cada "pacer" vai correr a maratona em um tempo diferente (olhem os números nas bandeiras). Se você quer fazer aquele tempo, basta seguir a bandeira. ^-^

O tempo estava horrível de manhã. Chegamos lá debaixo de chuva pesada, mas só deu tempo de nos encharcar mesmo: 5 minutos depois da largada, parou de chover e até o sol apareceu no final. Muito melhor que na edição de 2012, quando nevou!! ¬¬

Então nós corremos. Fizemos um checkpoint nos 6.3 km pra beber água e depois nos arrastamos pro final. Olha aí o videozinho! Nicole e eu fizemos uma dancinha no final pra comemorar a vitória! (Filmagens pela minha querida amiga Pamela Amon, que veio nos receber na chegada!).



No final, era hora de pegar a medalha e correr pro abraço!





Agora era hora de beber muito isotônico, água, comer frutas, etc.
Pra fechar com chave de ouro, o evento também disponibiliza massagens gratuitas no final. Claro que eu fui lá ganhar uma massagem no corpo todo (ainda bem, porque mesmo assim eu estou super doída).

O melhor de tudo foi não terminar com hipotermia, não vomitar e não achar que eu ia ter um ataque do coração. \o/

A próxima corrida é em dezembro, na Christmas Midnight Run! Haja coração!

Obrigada a todos que torceram por mim!

Beijos!

Fotos Bônus:

Olha que tempo maravilhoso:


Mas melhorou à tarde:


E ficou bem melhor pra largada dos 20 km:


Área de retirada dos números pra corrida:


Mapa e checkpoints da corrida:


domingo, 13 de outubro de 2013

Memórias de Infância

Papai, eu e boné do vovô em 1991.

Como ontem foi dia da criança no Brasil, eu tirei um tempo pra tentar relembrar algumas coisas da minha infância. É realmente difícil. Você não sabe o que foi real e quais partes foram inventadas pelo seu cérebro pra preencher lacunas.

Mas alguma coisas eu lembro muito bem:

Eu tinha um carimbo em forma de galo pra brincar de carimbar papéis. Quando eu batia a cabeça e minha mãe dizia que eu tinha um galo na cabeça, eu imaginava o carimbo do galo na minha testa. Eu ia pro banheiro tentar ver o tal do galo, sempre sem sucesso.

Bisa, eu e um chimarrão!
 Quando eu tinha um pesadelo à noite, eu morria de medo de cruzar o corredor gigantesco (2 metros) entre o meu quarto e o do meus pais.

Eu acreditava que meus brinquedos criavam vida à noite pra me proteger dos monstros no escuro.
Depois que eu assisti Chucky, eu comecei a trancar o meu boneco Fofão no armário antes de dormir.

A história infantil que eu mais lembro era a de um mosquito. Ele ficava voando muito perto do ouvido das crianças e, uma noite, foi atingido pelo braço de uma delas. Aí ele quebrou a perna e os outros mosquitos construíram uma tala pra ele com um fósforo. Sabem por que eu lembro dessa história? Porque não faz sentido nenhum! Olha a proporção mosquito-palito! Não funciona! E a aerodinâmica? Simplesmente não ia dar certo.

Formatura de pré-escola. ^-^

Algumas noites eu esperava acordada na cama até meu pai chegar do trabalho. Aí eu levantava e ia sentar com ele na sala enquanto ele comia a janta. Ele gostava de comer ovo frito com arroz, e eu também. Acaba comendo junto com ele, e muitas vezes acho que comia mais da metade da janta dele. Certo que ele tinha que refazer o jantar dele quando isso acontecia. 

Eu lembro que eu nunca conseguia guardar o presente do dia dos pais ou das mães. Sempre acabava dando antes da hora, tamanha era a ansiedade e expectativa. 

Eu gostava quando minha mãe fazia massagem/carinho em mim pra eu pegar no sono. Era tão bom que eu lutava pra não dormir. ^-^

Lembro da manhã do meu aniversário de 7 anos. Eu acordei e fui pra cama dos meus pais, me enfiando debaixo da coberta. Aí uma coisa quentinha começou a subir pelas minhas pernas. Olhe no escuro em embaixo das cobertas e parecia um bichinho de pelúcia que se mexia! Peguei-o e perguntei pra minha mãe "É de verdade?" e ela disse surpresa "É!". Eu tinha ganhado meu primeiro cachorrinho! Naquele dia, fomos visitar minha vó. Durante o caminho todo (50 min) eu fiquei pensando no nome do bichinho. Minha tia Bel, então, sugeriu chamá-la de Nala, como a leoa do filme Rei Leão. Como eu queria ser "diferente e criativa", inverti as sílabas e surgiu a Lana. 

Eu gostava de subir nos móveis de casa puxando todas as gavetas até que elas fizessem uma escada perfeita. 

De manhã, minha mãe acordava a mim e meu irmão com mamadeiras de leite achocolatado morninho! Era uma delícia! Admito que tomei mamadeira assim, pra acordar, até uns 7 ou 8 anos de idade. Confere, mãe? Acho que mais era porque meu irmão de 3 anos também tomava, então eu ganhava uma também pra não dar briga.

Gremista desde sempre.

Durante a tarde, entre o programa do Chaves e da sessão de filmes da tarde, tinha um programa muito tedioso com o Serginho Groisman. Eu odiava aquele programa, mas ficava entre minhas duas coisas favoritas. Então eu virava a mesa de centro da sala e brincava que aquilo era um barco e eu um pirata! Altas aventuras naquela mesinha.

A garagem de ferramentas do meu pai era um lugar mágico. Todas aquelas ferramentas e coisas legais que eu não podia tocar eram demais. Naquela garagem também a gente pintava os pneus velhos e depois brincava de vê-los deslizar pela lomba da subida de carros.

Um dos melhores presentes que meu pai me deu foi uma casa de bonecas. Ela era de madeira, gigante, com telha, janela e tudo. Passa horas brincando lá e tentei acampar lá dentro algumas vezes. Sempre acabava desistindo da ideia por ter medo. 

Eu acreditava que a gente tinha dois estômagos, um pra líquido e um pra sólidos (claro, um ia virar xixi e outro cocô! Olha que óbvio!). Quando eu me engasgava e minha mãe falava "Opa! Foi pro lugar errado!" eu imaginava a comida indo pro lugar das bebidas ou vice-versa. O problema foi a sopa. O que era afinal? Pra onde ia? Aí me pareceu muito lógico que existe uma peneira na entrada do estômago dos líquidos. Quando a peneira enche, ela joga as coisas pro estômago dos sólidos! Olha que beleza! Tudo faz sentido!

Depois que eu vi o filme do pinóquio, eu comecei a rezar com todas as minhas forças pra que uma boneca específica minha virasse uma pessoa de verdade. 

Um dia eu deitei no chão da nossa casa velha, de madeira, e jurei que consegui ouvir um tic-tac vindo debaixo da casa. Obviamente alguém tinha posto uma bomba de baixo da casa. Peguei minhas coisas preciosas e saí correndo pra casa da minha vó. Fiquei esperando algumas horas pra ver se a casa explodia, mas nada. 

Eu lembro do dia em que minha vó Herta colocou meu rosto entre suas mãos e disse como meus olhos brilhavam pra ela. Eu tentei ver algo diferente no espelho, mas não entendi o que ela queria dizer.

Quando uma das minhas vós fazia pipoca, eu gostava de imaginar que eram sons de tiro, como no Velho Oeste, e sair pulando e correndo pela casa. 

Ah, eu lembro dos fogões à lenha. Todos eles! Coisa boa!

Lembro das aventuras com meu primo Pedrinho. Ele vivia perto da minha outra vó e pra mim ele era destemido, corajoso e muito destemido. Grandes férias e finais de semana juntos, incluindo construir pistas de skate, fazer um enterro pra um passarinho (tumba, flores e tudo!), fazer downhill de bicicleta e quase morrer, banho de rio, etc. Um incidente interessante foi quando estávamos explorando as margens do rio que passava perto da casa da minha vó. A gente achou umas roupas presas nas árvores (provavelmente trazidas pela cheia) e na nossa imaginação aquilo eram roupas penduradas de um mendigo que morava alí e que estava naquele mato esperando pra nos atacar. Nunca corremos tão rápido nas nossas vidas. Que medo gente! Péssimo dia pra morrer.

Quando meu pai me ensinou a jogar xadrez, nós jogamos juntos a mesma partida todos os dias durante 1 ou 2 semanas. Ele chegava tarde e eu ficava com sono cedo, então tínhamos que dar uma pausa na partida toda noite. No final, eu ganhei o jogo (tenho quase certeza de que ele me deixou ganhar, já que eu tinha 6 anos). 

Polenta com queijo era sempre uma coisa que tinha o cheiro melhor que o gosto. Eu sempre me arrependia de pedir pra comer um pouco quando minha mãe cozinha isso pro meu irmão. 

Eu gostava de subir em árvores, de dar nomes pras galinhas, de brincar na nossa caixa de arreia e de plantar flores. Mas eu tinha medo dos patos. Eles mordiam.

Eu gostava de deitar abraçada com a minha mãe. Eu encaixava direitinho nos braços dela. :)

Olha que beleza! Um dos raros momentos em que a gente comia porcaria.
Detalhe pras mechas rosas no meu cabelo.
Rafael Meyer, maninha, eu e pacote de Fandangos.

Meu irmão e eu fingíamos estar dormindo no banco de trás do carro quando a gente chegava tarde de uma viagem. Dessa forma, a gente era carregado pra cama e não precisava tomar banho! \o/ 

Enfim, essas são só algumas das muitas memórias que eu tenho de criança. Muita coisa boa, divertida e interessante aconteceu e tenho muitos memórias queridas daquela época, mas a gente cresce, e o mundo adulto é também uma grande aventura!

Beijos!

sábado, 12 de outubro de 2013

A primeira baixa da maratona

Oi, gente! Tudo?

Vim aqui contar os causos e as aventuras de participar de (mais uma) corrida em Lausanne. Essa é a 20ª edição da Maratona de Lausanne e tá todo mundo animado! Claro que eu e meus amigos sedentários não vamos correr os 42 km assim do nada: nos inscrevemos na corrida de 10 km. Talvez vocês lembrem que eu corri a mesma distância em abril, na 32ª edição dos 20 km de Lausanne. Na real, eu mais morri do que corri. Estava extremamente frio pra final de abril, chovendo e ventando que parecia o fim do mundo. Mas, como eu tinha treinado (naquelas, né?) e me inscrevi pra correr com uma amiga, fui assim mesmo. O problema é que depois dos 10 km eu estava morta. Hipotermia pegando, mal-estar, dores por tudo, enfim, um horror. Dessa vez resolvi fazer a coisa certo.

Primeiro montamos um time de corrida aqui na nossa casa de estudante. Temos 2 "personal trainers"/mestrandos em educação física que fizeram um treino pra nós e nos acompanham nas corridas pra corrigir nossa postura e etc.
Depois pegamos um trem e fomos pra Aubonne num outlet da Puma, Nike, Oschner e Reebok comprar roupas de corrida pro inverno, neve e chuva. É luva, touca, calça térmica, camisa de corrida de manga curta, longa, tecidos especiais, casaco impermeável, moletom à prova de vento e toda essa frescura. Bom, eu pensava ser frescura e um investimento bastante alto, mas está fazendo a diferença quando vamos treinar com 2°C e aquele vento descendo dos Alpes. Pela primeira vez na minha vida tenho roupas de marca esportiva. o.O  Felizmente, estava relativamente barato em comparação aos preços normais na Suíça.

Ok. Agora "só" falta treinar. Estou correndo 3 vezes por semana. Já consegui correr quase 7 km sem morrer! Claro que eu tive que fazer 2 checkpoints de 5 minutos pra recuperar o fôlego. Mas tá bom pra 3 semanas de treino, né? Agora temos mais 1 semana de treino forte e 1 semana de treino leve antes da corrida. Veremos.


Agora, minha colega de apartamento, Sofie, foi um caso à parte. Ela é uma daquelas pessoas que consegue correr horas sem treinar, que consegue ignorar os sinais de desespero do próprio corpo e correr em velocidades incríveis sem sentir nada, nem falta de ar. Acho que esse tipo de pessoa sente prazer extremo em correr ou tem alta sensibilidade a endorfinas (ou baixa sensibilidade à dor). Pois bem, enquanto eu, no meu primeiro treino, corri 20 minutos e saí me arrastando pro chuveiro, ela correu 1h num passo extremamente rápido. Apesar de todos nós, incluindo os personal trainers, dizermos pra ela pegar leve, ela não consegue parar de correr quando começa (praticamente um caso de vício).

Pois bem, na segunda semana de treino (3ª ou 4ª vez que ela achou tempo pra correr), ela correu 1h30, sendo a metade final desse tempo lomba acima. Obviamente ela chegou em casa e desmaiou no corredor. Os meninos colocaram ela no sofá e me chamaram. Eram quase 20h30 da noite.
Cheguei lá e ela estava extremamente vermelha, passando muito mal, tremendo, com vontade vomitar, coração batendo muito irregular, respiração pesada. Eu achei que ela ia melhorar logo, em no máximo 1h, pois foi exatamente isso que eu senti depois de correr os primeiros 10 km. Mas aí ela começou a perder a consciência e decidimos que era hora de chamar uma ambulância. Foi lindo. E eu pude andar de ambulância! \o/

O pessoal chegou em menos de 5 minutos. Eles fizeram um ECG nela na hora, mediram pressão, glicose, etc, e decidiram realmente levá-la pro hospital (CHUV). Obviamente eu fui com ela. Tadinha! Ela é muito amável, doce e querida (teimosa, mas querida). Ninguém merece esse tipo de coisa, especialmente ela.
Ficamos lá no hospital das 21h às 4h do outro dia. Parece que ela tinha uma arritmia cardíaca que melhorou com fluídos (claro que ela estava desidratada! ¬¬) e um pouco de descanso. Que aventura, né! Agora ela vai ficar 1 semana de molho, sem correr, e depois vai correr de mãos dadas comigo, numa velocidade tartaruga e distância aceitável.

Só quero ver quantos mais vão passar mal depois da corrida em 2 semanas. Todos esses atletas de fim de semana! (Espero que não seja eu dessa vez. ^-^ ).

Torçam por nós!

Beijos e bom final de semana!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Enfim, o final do verão!

Eita! Vortemo! Antes tarde do que nunca!

Teve 2 motivos principais pelos quais eu não escrevi no último mês:
O primeiro foi o sucesso do post anterior. O blog teve 100 mil leitores no mês passado. Muita gente aleatória acessou o blog e eu não queria criar expectativas nos leitores de que o blog era só sobre ciência e textos motivacionais inspirados. Por isso, eu deixei a poeira baixar pra poder escrever besteira aqui de novo. :)
O segundo foi falta de tempo (+++), inspiração e assunto. Portanto, vamos colocar as notícias em dia.

Eu tive que me mudar no final de agosto. Meu contrato era de 1 ano na FMEL (casa de estudante) e não podia ser renovado. Foi horrível achar apartamento. Têm cada lugar horrível! Uma senhora alugando quartos pra estudantes desligava a internet sem fio às 10h da noite porque as ondas wifi não deixam ela dormir. ¬¬  A outra tinha 10 gatos. Um outro casal morava em outra cidade, à 30 min de trem de Lausanne. Outras pessoas nem atendiam os celulares, marcavam visita e não apareciam, as agências de imóveis não aceitam estudantes, e muita gente nunca mais dava resposta depois da visita. Até que eu achei um apartamento legal no meio de Lausanne. O aluguel era caro (1,000 francos) e ainda tinha 2 crianças pequenas (2 e 4 anos) na casa. Mas era o que tinha, então eu topei. Pro meu alívio, 2 semanas antes de eu me mudar, recebi um e-mail de outra casa de estudante (Planete Bleue) de que uma pessoa havia desistido do quarto e que eu podia ficar ali se eu quisesse. Foi ótimo já que o aluguel é mais barato. A localização não é ruim também. O que eu não sabia era que a mulher com quem eu ia morar antes me deu a responsabilidade de achar outra pessoa pra ficar no meu lugar na casa com as duas crianças, sob pena de ter que pagar o primeiro aluguel. Isso mesmo que eu não tenha assinado nem pago nada ainda pra ela. O pior é que ela nem estava em Lausanne. Ela estava na Itália, então eu não tinha acesso ao apartamento. Enfim, foi uma longa história porque cada pessoa que eu encaminhava pra ela era rejeitada. Até que um dia, semana passada, ela achou outra pessoa. Eu me meto em cada uma!

Essa nova casa de estudante é mais legal que a anterior. Somos somente 44 pessoas, então o ambiente é mais familiar. Ontem tivemos uma janta em conjunto com direito a pizza e lasanha. O problema é que não consigo interagir muito por causa do francês. Todos falam francês desde sempre, e o meu é bem básico ainda. Encontrei uma brasileiro de São Paulo por aqui também, a Pamela, e o um português, Ricardo, então eu posso me refugiar com eles.
Outra coisa que eu tenho que ficar ligada é que estão sumindo coisas do nosso apartamento, cuja porta sempre fica aberta como a de todos os outros. Sumiu minha forma de pizza, minha tábua de cortar legumes e 3 das nossas toalhas de cozinha. Uma coisa atrás da outra. E os meus colegas de quarto ainda insistem em não trancar a porta. Que gente cabeça-dura, vou te contar. Aliás, eu sou a pessoa mais velha da casa. A maioria do pessoal nasceu em 1994-1995. Vamos ver como vai ser.
Também acho que os meninos do meu apartamento não são muito espertos. Nós somos 4 pessoas, 2 meninos e 2 meninas, e temos 2 banheiros. Eu cheguei primeiro no apartamento então me instalei no banheiro que tinha um pato roxo gigante colado na parede (presumi que fosse das meninas), coloquei tolhas rosas por tudo e uma cortinha de chuveiro cheia de peixinhos. A outra menina começou a dividir o banheiro comigo  em seguida. Os meninas chegaram mais tarde e, pra minha surpresa, eles também começaram a usar o nosso banheiro porque é mais perto do quarto de um deles. O que eu faço numa situação dessas? Será que se eu mudar minhas coisas pro outro banheiro eles vão se mudar atrás? Será um efeito atrativo da cortina de peixinhos? Ou serão as toalhas rosas que não deixam óbvio que é um banheiro de meninas? Ou será que todo mundo gosta de usar o mesmo banheiro mesmo e fazer fila pra tomar banho de manhã? Olha, esse tipo de coisa está acima do meu entendimento sobre o comportamento humano.

No laboratório, também teve vários momentos difíceis. 2 meses. DOIS MESES! Esse foi o tempo que levou pra eu consegui clonar um gene num plasmídio que tinha. Foi um inferno. O mapa do plasmídeo estava errado e tudo que podia dar errado, deu. Se tinha 1% de change de dar errado, certo que deu errado. Foram 12 estratégias ("em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie... Os senhores estão anotando?" ), mais de 900 testes, 18 enzimas diferentes, 60 placas de meio de cultura, 4 finais de semanas inteiros perdidos. Esse foi o tamanho do meu desespero. Até que ontem eu me aborreci com a porcaria do plasmídeo e mandei 40 clones pro sequenciamento (com autorização do chefe, já que isso custou 1200 francos) e um, somente UM maldito estava correto. Mas era um que eu precisava. ^-^ Agora eu posso começar a clonar outra coisa, segundo o Eric (não preciso dizer que eu queria jogar uma proveta na cabeça dele). Mas não foi nesse sentido que as coisas desandaram. Minhas células não queriam ficar verdes de jeito nenhum (e ainda não querem) e estou tendo uma baita dificuldade pra produzir alguns fragmentos de DNA por PCR. Parece que coisas ruins vêm em bandos. Espero que essa fase esteja passando.

De resto, o verão durou pouco aqui em Lausanne. Nem é outono ainda e está fazendo 6°C de manhã. Já botei meus casacos de neve pra fora do armário, já que a branquinha deve aparecer em 3 ou 4 semanas. Que saudade do verão brasileiro!  

Por outro lado, estou feliz que o verão está terminando. Foi um momento muito estressante pra mim. Meus finais de semana estavam divididos entre o laboratório e aventuras enlouquecidas com a Priscilla. Não estou reclamando das nossa aventuras, foram ótimas, mas ao mesmo tempo eu tinha que procurar apartamento e descansar de vez em quando. Pra piorar, todos os meus outros amigos estavam de férias fora de Lausanne, então eu fiquei muito sozinha nesse período também, sem ter com quem conversar sobre coisas mundanas e pra reclamar e rir de fatos aleatórios da vida. Portanto, que essa semana, que inaugura meu segundo ano suíço, possa ser o começo de uma nova (boa) fase da minha vida em todos os sentidos.

Para aqueles que também estão começando o semestre, mando meus melhores votos!

Beijos!
Pati

PS: faltam 88 dias pra eu ir pra casa! :)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Como reconhecer um Bom Cientista



Cientistas existem, e muitos. Talvez até demais. Tem muita gente fazendo a mesma coisa. Tem muita gente fazendo errado. Tem muita gente fazendo pelos motivos errados. Tem muita gente fazendo por obrigação. Tem pouca gente fazendo por paixão.

Qualquer um que tenha uma experiência razoável em ciência certamente já se deparou com cientistas muito bons e com cientistas muito ruins. É relativamente fácil reconhecer um bom cientista. Está no jeito com que ele faz ciência.

Aí vão algumas observações que eu fiz durante nesses últimos anos. Claro que sempre haverá exceções à regra, portanto fiquem à vontade pra discordar.  :)

- Um bom cientista é apaixonado pela sua curiosidade. Ele não é somente curioso, ele adora ser curioso e é essa obsessão pela busca da resposta que faz com que ele trabalhe, invente e descubra.

-O modo com que um cientista pipeta e trabalha na cultura de células pode dizer muito sobre ele. Bons cientistas são cuidadosos, medem seus movimentos inconscientemente, prestam muita atenção aos detalhes, misturam soluções muito mais do que o necessário, buscam a perfeição em cada passo do caminho. A parte do experimento que estiver no seu controle vai sair o mais próximo possível do impecável.

- Um bom cientista se interessa por áreas que não estão diretamente relacionada ao seu trabalho. Ele pode trabalhar com neurociências, ler um livro sobre imunologia, assistir à uma palestra de nanotecnologia e uma conferência sobre biomateriais. Conhecer outras áreas e outras possibilidades lhe dá ideias que podem se aplicar ao seu trabalho agora ou no futuro. Nunca subestime o poder de uma palestra cujo título você não entende.

- Pra um bom cientista, os fins não justificam os meios. Mesmo que os resultados sejam lindos e maravilhosos, se o modo de realizar os experimentos, o protocolo, os controles, os tempos, as temperaturas e as condições de trabalho não forem ótimas durante a realização dos experimentos, o experimento deve ser repetido. Um bom cientista percebe os erros experimentais antes de começar o experimento.

- Um bom cientista é organizado: sua bancada, sua mesa, seu computador, sua vida. Isso não quer dizer que ele vai passar a limpo seu caderno todo santo dia, mas pelo menos 1 vez por semana ele vai fazer um levantamento do que fez ou vai fazer. Planejamento a curto (dias) e longo (semanas) prazo também é uma característica marcante, principalmente se os experimentos são complexos.

- Um bom cientista dá crédito às pessoas que contribuíram para o seu trabalho. Não falo somente na hora da publicação. Pode ser numa palestra, numa conversa informal ou mesmo em algo tão trivial como um "lab meeting".

- Um bom cientista ensina o que sabe. Essa mania de não ensinar uma técnica "exclusiva" do seu projeto porque "fui eu que padronizei" ou qualquer desculpa do gênero, é sinal de fraqueza e insegurança. Um cientista de verdade gosta de ensinar e fica feliz quando alguém mais vai poder usar "sua" técnica. Ele quer que todos cresçam juntos e fica genuinamente feliz se um colega publicar um trabalho. Esse negócio de inveja não rola. "Focus on your own work. The rest shall be left behind." - P. Kaldis.

- Um bom cientista duvida de tudo. Ele pode até chegar de duvidar de si mesmo. Nunca vou me esquecer de uma conversa que eu tive com meu supervisor Kasim depois que nosso experimento deu certo pela primeira vez:
-Kasim: Então, agora que sabemos que X interage com Y, o que fazemos?
-Eu: Partimos pro próximo experimento?
-Kasim: Não. Nós fazemos de tudo pra provar que X não interage com Y. Se falharmos, aí sim seguimos em frente.

- Um bom cientista nunca para de aprender. Ele lê, participa de cursos, palestras, seminários e até mini-cursos online. Quanto mais você aprende, mais percebe o quão ignorante você é. E isso tem a ver com a próxima observação:

- Um bom cientista pratica a humildade. Ele sabe que tem muito o que aprender e que pode aprender tanto com um laureado com o Prêmio Nobel quanto com o técnico e com o aluno de iniciação científica do laboratório.

- Um bom cientista assume seus erros, não importa o quão idiotas eles sejam. Ele sabe que colocar a culpa nos outros não leva a nada, muito menos a aperfeiçoamento profissional. Todo mundo erra.

-Criatividade! Ideias absurdas, curiosidade, noites insones com a cabeça a mil. Ainda não descobriram como a mente de um cientista funciona, mas deve ser uma bagunça. A diferença é que o bom cientista geralmente anota suas ideias ou coloca-as em prática assim que possível. Hoje, por exemplo, eu e Ben, o aluno de verão do laboratório, fizemos uns experimentos muito loucos com uma garrafa de coca-cola. Por quê? Porque deu na telha. A gente teve uma ideia legal e colocou-a em prática, pra desespero dos nossos pos-docs. Resultado: aprendemos várias coisas (principalmente coisas que ninguém deveria repetir), bagunçamos o laboratório todo e tomamos uma coca no pátio depois do expediente. Foi ótimo!

-Um bom cientista toma iniciativa. Seja pra colocar seus experimentos em prática, seja pra ajudar um colega, seja pra organizar algo no lab.

- Um bom cientista não faz pela publicação. Claro que publicar faz parte, mas isso deve ser uma consequência da busca pelo conhecimento, não sua principal motivação.

- Um bom cientista não tem medo de ser criticado. Pelo contrário, ele busca a opinião de outras pessoas, mesmo que elas sejam negativas, pra aperfeiçoar seu próprio trabalho.

- Um bom cientista não desiste nunca (só se acabar o dinheiro ou o orientador cortar o barato). E quando uma  pergunta na sua cabeça for respondida, outras 10 surgirão.


- Um bom cientista não é cientista 100% do tempo. Ele arranja tempo pra si mesmo, pra sua família e pra fazer as coisas que gosta FORA do laboratório. 

- Na minha opinião, não existe uma correlação direta entre a qualidade de um cientista ...
... e o uso de jaleco.
... e o consumo de cafeína.
... e o número de horas no laboratório.
... e o número de papers publicados.
    
Pronto, agora você pode começar a fazer suas próprias observações. Procure identificar as coisas que você admira naquele bom cientista que trabalha perto de você. Vale tentar copiar e colocar em prática tudo que há de bom nas outras pessoas! É assim que você mesmo vai virar um exemplo de bom cientista.

Be the change you wanna see in the world. 



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Os 8 Fatores: Como Escolher um Programa de Pós-Graduação



Como estou quase no final do mestrado, há meses eu venho coletando opiniões de amigos, professores e pesquisadores. No final, eu recebi input de 4 pós-docs, 7 professores e chefes de laboratório (sendo 2 brasileiros e outros 2 vencedores do prêmio Nobel), 4 colegas de mestrado ou laboratório, 2 alunos de graduação e 5 alunos de doutorado. Depois de toda essa "meta-análise", não vejo por que eu não deveria dividir o que aprendi com alunos de graduação ou pós-graduação que estão na mesma situação que eu.

Pois bem, essas são as variáveis que mais foram abordadas pelas pessoas com as quais conversei. Notem que a importância que cada um de nós atribui para cada uma delas é variável e depende de experiências e necessidades pessoais. 


Resultados:

Fatores que você NÃO deve levar em consideração ao escolher seu programa de pós-graduação:

1. A Universidade.

Pode parecer chocante para alguns de vocês, mas todas as pessoas com mais experiência que eu (professores, pós-docs e alunos de doutorado) afirmam categoricamente que a universidade que lhe dará o título de mestre ou doutor não faz diferença nenhuma na sua vida acadêmica. O único momento em que isso talvez faça alguma diferença é se você deseja entrar na indústria farmacêutica logo depois do doutorado. Mas aí é até melhor fazer um MBA primeiro e eu não sou a melhor pessoa pra dar conselhos sobre isso. 

Por outro lado, alunos de graduação e colegas parecem fixados com a ideia de ir pra uma universidade bem conhecida. Eu conversei sobre isso com Tim Hunt, o ganhador do Nobel 2001, e ele me disse que em ciência não importa onde você está. Se você é bom, as pessoas do seu campo de pesquisa sabem onde lhe encontrar. O importante é publicar bem (em qualidade, não quantidade). Tem muita universidade boa por aí que não é Cambridge, MIT, Harvard ou Oxford. São Universidades alemãs, francesas, canadenses, suíças e até brasileiras. Pense nisso.

2. Salário.

Fora do Brasil, os valores absolutos das bolsas variam enormemente. Podem ser de (convertendo) R$ 40 mil por ano até R$ 110 mil por ano. Mas não se engane: os custos de vida nos diferentes países variam bastante e, em geral, a razão entre o que você recebe e o que você gasta é a mesma: você vai receber entre 10% e 20% a mais do que precisa pra viver. Portanto, não leve em conta salários, benefícios, etc.

Fatores que você PODE querer levar em consideração:

3. País.

Você está pronto pra embarcar numa longa viagem para um país que não fala sua língua? Uma cultura totalmente diferente? Um país onde o tempo é horrível e faz sol uma vez por ano? Um país onde a comida não lhe agrada e nada no supermercado parece familiar? Um país que pode estar a 40 horas e milhares de reais longe da sua casa? Pense bem. Não é todo mundo que consegue. Se você não tem um longa experiência internacional anterior à sua pós-graduação, considere fazer um estágio de 1 ou 2 meses nesse país antes de se aventurar por vários anos. Você pode se arrepender.

4. Estrutura do programa de pós-graduação.

Isso vale mais pro doutorado do que para o mestrado. Alguns programas de PhD duram 3 anos, outros 4. Alguns incluem até 40 créditos de aulas, outros não têm aula nenhuma. Alguns exigem que você dê aulas para a graduação, outros que você escreva relatórios semestrais, outros exigem publicações anuais. Alguns vão te pressionar bastante, outros vão te deixar seguir seu próprio ritmo. Converse com alunos de doutorado do programa que você pensa em fazer e descubra qual é a "real". Você acha que consegue encarar?
Outro fator importante a ser levado em consideração são as rotações de primeiro ano. Várias universidades e programas de bolsa como o Wellcome Trust exigem que você faça 3 rotações de 4 meses em laboratórios dos seus institutos de pesquisa. Isso é ótimo se você não tem certeza sobre qual linha de pesquisa quer seguir e pode experimentar diferentes orientadores. Porém, se você está certo do que quer fazer, essa rotação pode ser um atraso de 1 ano inteiro no seu projeto e você pode ficar frustado por não estar trabalhando com o que quer. Acredite: esse ano pode parecer interminável. 

5. Linha de pesquisa.

Algumas pessoas são viciadas em ciência pela possibilidade de ter uma ideia, fazer uma pergunta, e usar recursos científicos para respondê-las. A pura adrenalina de planejar e executar um experimento já é suficiente para a realização pessoal e profissional. Pra essas pessoas, a linha de pesquisa tem pouca importância porque elas geralmente se dão bem em qualquer campo.
Outras pessoas são apaixonadas por um tópico e precisam pesquisar nesse tópico específico para se sentirem realizadas. Algumas fazem isso por pura paixão mesmo: ficam maravilhadas com o desenvolvimento de um embrião ou com o funcionamento do cérebro. Outras precisam sentir que estão contribuindo para uma causa maior diretamente: querem curar o câncer, achar um remédio pro o Mal de Alzheimer e assim por diante. Se você é assim, suas possibilidades de posições para pós-graduação ficam mais restritas, o que pode facilitar sua escolha. 

No geral, caso você não seja fixado por um campo de pesquisa, sua linha de pesquisa no doutorado deve ser algo que lhe deixa eufórico, mas não precisa ser o que você quer pesquisar pelo resto da vida. Nós, pesquisadores, temos orgulho de sermos altamente flexíveis e adaptáveis. Experimentar coisas novas é sempre muito enriquecedor e pode acabar se tornando uma nova paixão com a qual você nem sonhava.

Fatores que você DEVE levar em consideração:

6. O orientador.

Existem, a grosso modo, 2 tipos de orientador. O orientador fodástico: aquele que ganhou 8 prêmios nos últimos 2 anos, publicou 450 papers e tem 18 alunos de doutorado. Esse orientador vai  dar um grande impulso na sua carreira acadêmica, mas em geral eles não são muito presentes, exigem que os alunos resolvam todo e qualquer problema sozinhos, e de "orientador" mesmo tem pouco. Se você consegue lidar com isso, é bem independente e consegue sobreviver a crises de "todo-experimento-está-dando-errado" sozinho, então vai nessa. 
Por outro lado, existem aqueles orientadores parceiros, que estão sempre presentes, te ajudam a resolver problemas, te pegam pela mão se precisarem e sentam ao teu lado na bancada. Eu aprendi muito com orientadores ausentes, mas acredito que para um longo doutorado eu prefiro alguém que esteja ao meu lado quando tudo der errado. Portanto, a escolha do orientador é algo muito pessoal e cabe a você descobrir onde se encaixa melhor.

7. Ambiente de trabalho.

Se você sentiu uma atmosfera tensa, pesada e silenciosa ao entrar em um laboratório, é fria na certa. Grandes programas de doutorado costumam estimular a competição entre os alunos e cabe ao orientador e aos pós-docs do laboratório impedir que a competição aconteça também nas bancadas. Às vezes isso não funciona e você pode sentir de cara que algo está errado. Todas as pessoas com que conversei concordam que a equipe de trabalho é o fator mais importante na sua escolha de pós-graduação. Afinal, são essas pessoas que você vai ver todo dia, é com essas pessoas que você vai ter que contar quando tiver um problema com seu experimento, quando o orientador não estiver presente, ou até quando você se desentender com o orientador (acontece com todo mundo pelo menos uma vez). Essas pessoas serão a sua família, seus amigos e as pessoas que vão lhe ajudar quando tudo der errado. 

Outro fator importante é sua posição de anonimato/destaque num laboratório. Segundo os orientadores com quais conversei, esse é um problema muito sério e que afeta cada vez mais estudantes e pesquisadores, destruindo irreversivelmente o equilíbrio de um laboratório. Candidatos brilhantes costumam assustar alguns membros do seu futuro laboratório na hora da entrevista. Os membros atuais podem ficar assustados pela competição que pode aparecer e fazê-los perder seu posto de "melhor aluno" do laboratório. Eventualmente você pode sentir isso também. Mas preste atenção: cada aluno é diferente e é querido pelo orientador de uma maneira diferente. Importe-se com seu próprio trabalho que os outros ficarão pra trás num piscar de olhos. Agora, se você sente a necessidade de se sentir valorizado para trabalhar melhor, evite laboratórios muito grandes, de programas muito competitivos. Provavelmente você vai ser aceito com facilidade, mas o estresse de se manter em destaque pode ser constante e lhe consumir muito tempo e energia. Nesse caso, você certamente renderia mais em um laboratório mais aconchegante e menos competitivo. Novamente, o auto-conhecimento é o melhor caminho.

8. Publicações.

Esse é um fator importante mais a longo prazo. Entrar em um laboratório em que o orientador enrola pra publicar, demora pra corrigir teses ou então publica só pra dizer que publicou pode ser um entrave na sua vida. Se você publicar bem durante o doutorado, tudo vai ficar bem. Fica mais fácil defender a tese, conseguir uma posição de pós-doc e até financiamento para sua própria pesquisa.

Laboratórios que publicam bem, em revistas de alto impacto, estão espalhados pelo mundo todo. No Brasil mesmo nós temos diversos excelentes pesquisadores, alguns inclusive fazem parte da Academia Brasileira de Ciências. Parece fácil, mas não é. Uma boa publicação é resultado de discussões construtivas, ideias brilhantes e muito trabalho duro!

Conclusão:

Faça sua pós-graduação em um laboratório onde você se sinta bem. Continuar sua pesquisa atual (de graduação ou de mestrado) lhe dá uma vantagem sobre quem está tendo que começar um projeto de doutorado do zero. Você provavelmente vai se estressar menos, terminar antes ou publicar melhor.

Escolha um orientador que atenda às suas necessidades. Você vai precisar dele cedo ou tarde.

Publicações são um mal necessário. Elas que vão impulsionar sua carreira de graduado e vão fazer seu nome e sua pesquisa correr o mundo. 

Para finalizar, gostaria de deixar uma das frases que mais me inspirou durante minha jornada por diferentes laboratórios, que levanta minha auto-estima e que me faz ir sempre em frente:

"You need to strive to do better all the time and don't worry about other people. Care about your own development and do the best you can. Then you will not need to worry about others; they will be left behind long time ago."    

- Philipp Kaldis.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Paris em Imagens

Holla, que tal?
Priscilla e eu fomos a Paris nesse final de semana. Saímos às 6h da manhã de sábado e voltamos às 10h da noite de domingo. A viagem dura 4h, então só tivemos 36h (menos 7h de sono) pra explorar cada canto de Paris. A cidade é tão linda que não dá pra descrever, portanto resolvi fazer esse post só com fotos. Espero que gostem!

Toda viagem começa com um bom trem...


... um ticket na mão...

... artigos pra se entreter...


...um plano improvisado...


... e uma boa companhia.


Depois de 4h a gente chega na Estação de Lyon, centro de Paris...


... e descobrimos que as motos têm 3 rodas.



Esse foi nosso roteiro no 1° dia de turismo. Os números indicam os quilômetros de caminhada.


Passeamos pela monumento da Bastilha...


pela Place des Vosges...




... atravessamos o Rio Seno (Seine)...



... e visitamos Notre Dame, mesmo com a fila imensa pra entrar.









Aí achamos umas igrejas aleatórias e a Universidade de Paris...

 Nos perdemos...


... mas finalmente achamos o Pantheón...


Achamos o Museu dos Soldados Incapacitados na Guerra...


... a almoçamos nos Jardins de Luxemburgo:



Com direito a dança de época...


e muitas flores!




Aí era hora de seguir pra Torre Eiffel...


e tirar várias fotos turísticas sem noção...




Na hora de subir, resolvemos pegar a escada, já que o elevador estava fora do orçamento:








Mas valeu à pena:




Hora de assistir ao pôr-do-sol no morro Santa Marta...





... e ver a igreja Sagrado Coração mudar de cor...





Antes de ir dormir, vale dar uma checadinha no Moulin Rouge:




No dia seguinte, o passeio começou pelo cemitério Père-Lachaise, lugar de descanso de muitas pessoas famosos como Chopin. Seguimos então a partir do Arco do Triunfo, nessa rota:




e caminhamos pela Av. Champs-Élysées até a praça da Concórdia: 


Obelisco.


Entramos então no Jardin des Tuileries:


...e encontramos mais um obelisco na Praça de Vendôme:




Atravessamos a Place do Caroussel...




                                                   e rumamos para o Museu do Louvre...





A fila pra entrar era de mais de 3h...



Passamos pela Pont Neuf, onde você coloca o nome do seu namorado (a) e o seu num cadeado, prende na ponte e joga a chave no rio pro amor durar pra sempre:




A última grande parada foi o divertidíssimo museu de Arte Moderna, Pompidou, grátis no primeiro domingo do mês:











E assim terminava nossa linda viagem a Paris. Foi intenso e muito divertido! 
Espero que tenham gostado!

Beijos e boa semana!